Em Ponte de Lima, o Caminho de Torres entronca com o Caminho Central Português. De repente, as estradas enchem-se de peregrinos e a partilha, o convívio e a amizade vão ser uma constante até Santiago de Compostela. Ate à catedral do apóstolo, não se voltará a sentir o isolamento do Caminho de Torres.

Hoje é o dia da mais bela etapa do mundo. Antes de começar, organizar de forma diferente a mochila: colocar os itens de maior peso junto às costas, pois a subida à Labruja pode ser perigosa se o eixo de gravidade estiver afastado do corpo. 

Ao cruzar o rio Lima, despedir-se de Ponte de Lima na capela do Anjo da Guarda, orago propício para a jornada. O Caminho das Tojeiras pode estar intransitável se tiver chovido recentemente, mas há que seguir até à igreja de Arcozelo, que marca o fim das terras baixas limianas e a entrada paulatina na montanha. A passagem por baixo da A3 é o início da subida. Há que fazê-la em vários troços, primeiro até à capela da Senhora das Neves, depois, até à Fonte das 3 Bicas. A partir daqui, é sempre a subir até à Portela Grande da Labruja, entre eucaliptos, pinheiros e penhascos que permitem o acesso à mítica Cruz dos Franceses.

No topo, onde mais uma vez o caminho toca o céu, desfrutar da superação que se acabou de realizar, junto à antiga casa do guarda florestal. Na descida, todo o cuidado é pouco, pois o caminho até Agualonga é irregular e pedregoso. Ao chegar a Rubiães, espera ainda a igreja românica, um pequeno templo rural que se pode visitar depois de dar entrada no albergue.