vila do bispo a sagres

19,4 kms

 

     O litoral de Sagres e Cabo de São Vicente tem uma situação única, em termos de clima, solo calcário e proximidade do mar, classificado como Reserva Biogenética de Sagres, em 1988. Reúne espécies endémicas, que ocorrem exclusivamente naquele local e em geral na costa sudoeste de Portugal, como Biscutella vicentina, Diplotaxis vicentina, Hyacinthoides vicentina, Herniaria algarvica, Cistus palhinhae, Teucrium vicentinum, Thymus camphoratus, Linaria algarviana, Bellevalia hackelii e Silene rothmaleri (endémica da Reserva).

   A peculiar formação rochosa da Praia do Telheiro é um património geológico precioso para investigação. É preciso descer a esta praia para se observar este geomonumento. No topo da falésia observam-se praias levantadas, ou seja, vestígios da erosão pelo mar quando este se encontrava a um nível bem mais elevado. Por baixo destes depósitos estão os grés de Silves, de uma fantástica cor avermelhada, com mais de 200 milhões de anos. Finalmente, na base da falésia, encontram-se xistos e grauvaques com mais de 300 milhões de anos, muito partidos e dobrados, “raiz” de uma cadeia montanhosa antiga, já arrasada pela erosão.

     Sagres é tão somente o melhor lugar da Europa para a observação de aves marinhas em migração, como a cagarra, o alcatraz, o moleiro, o garajau e a gaivina. Sobretudo com mau tempo, podem ser observadas a partir de terra. Pelo contrário, com bom tempo, são os golfinhos que se tornam mais facilmente avistáveis. Em Outubro, aproveite o famoso festival de birdwatching de Sagres. Para além de lugar de passagem de aves migratórias, Sagres é residência de uma população isolada de gralha-de-bico-vermelho (Phyrrocorax phyrrocorax), que nidifica nas escarpas e se alimenta nos campos de pastagem.

     Sagres significa “sagrado” e, durante três milénios, este foi um dos limites do mundo conhecido, no extremo sudoeste da Europa. Para os povos que navegavam desde o Mediterrâneo (fenícios, gregos, cartagineses, romanos e árabes), o Cabo de São Vicente era a fronteira para o mare incognitum e era conhecido como o Finis Terrae, ou seja, o Fim do Mundo. Reza a lenda que as relíquias de S. Vicente, mártir cristão, terão ali chegado no século VIII, à deriva numa barca guardada por dois corvos. O culto de São Vicente tornou-se tão importante que D. Afonso Henriques, após a tomada de Lisboa aos Mouros, mandou recolher as relíquias e trasladá-las para Lisboa, passando S. Vicente a ser o padroeiro da cidade.